sexta-feira, 1 de julho de 2011

Saúde

Estados do Sul propõem mudanças na estratégia contra a gripe H1N1

Técnicos da Vigilância em Saúde dos três estados do Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – reuniram-se nesta semana, em Porto Alegre, para definir formas de enfrentamento da Influenza A (H1N1). A situação dos três estados é semelhante e diferenciada do resto do País. O encontro, proposto pelo Paraná, resultou em propostas que serão transformadas em documento a ser enviado ao Ministério da Saúde nos próximos dias. Os estados do Sul foram responsáveis por importante parcela dos casos da Influenza A (H1N1) e das mortes pela doença no País em 2009, quando o Brasil registrou a primeira pandemia dessa gripe.
“Não queremos que nenhum paciente faleça por falta de tratamento adequado. A vacinação é uma estratégia importante, porém ainda não contempla toda a população”, afirmou o secretário da Saúde do Paraná, Michele Caputo Neto.
Uma das propostas é, a partir de 2012, antecipar a campanha de vacinação para o mês de março para obter maior impacto. As estatísticas dos três estados mostram que o vírus Influenza circula com mais intensidade no mês de abril, e o período da campanha de vacinação da gripe no País é posterior ao período de sazonalidade da doença na região sul.
Outra sugestão é incluir na vacinação anual a faixa etária de dois a 20 anos, que foi uma das mais afetadas durante a pandemia. Os técnicos defendem incluir no calendário básico de vacinação da criança a vacina Influenza para os menores de dois anos. “As crianças são muito frágeis neste período e se contraírem uma gripe correm mais risco de evoluírem para pneumonia”, disse a médica e chefe do departamento de Vigilância e Controle de Agravos Estratégicos, Mirian Woiski.
Além disso, o grupo quer garantir uma quantidade de vacinas para todas as indicações do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie) e que contemple todos os profissionais de saúde e profissionais que atuam em serviços essenciais, como policiais militares e bombeiros.
“Outro pedido é o de ajustar, mediante consulta aos estados, as metas de vacinação de cada grupo, levando em conta outros critérios além do populacional”, disse Mirian. Segundo ela, as metas de vacinação para profissionais de saúde e doentes crônicos foram subdimensionadas pelo ministério nas campanhas anteriores, o que causou dúvidas.
Quanto ao tratamento, a proposta é manter para este ano o antiviral fosfato de oseltamivir para todo caso de síndrome gripal, sem que haja restrição e desde que seja receitado por um médico. “Queremos negociar com o Ministério da Saúde o volume de medicamento para garantir o uso de forma ampliada”, disse o secretário.
O grupo também sugeriu incluir o oseltamivir como item de medicamentos fornecidos anualmente pelo Ministério nos estados do Sul. “Hoje, de acordo com uma portaria ministerial, a indicação deste antiviral é restrita aos pacientes que apresentem síndrome respiratória aguda grave e síndrome gripal para pacientes com fatores de risco”, ressaltou Mirian.
DIAGNÓSTICO – Quanto ao diagnóstico, a proposta é de implantar um sistema similar ao existente no Paraná, que diagnostica agentes respiratórios mediante o fornecimento do kit multiplex pela Central Geral de Laboratórios. Este exame, capaz de identificar 12 vírus e cinco bactérias, ampliará o diagnóstico laboratorial para identificar a circulação de outros agentes, permitindo assim a adoção de medidas de controle e prevenção.
“Além da vigilância sentinela e das síndromes respiratórias agudas graves que estão previstas nos protocolos do Ministério da Saúde, desde fevereiro de 2011 o Paraná monitora doenças respiratórias agudas em todas as regionais de saúde”, destacou a médica.
Os técnicos também ressaltaram a necessidade de mais investimentos de recursos financeiros e aquisição de equipamentos hospitalares, como oxímetros e monitores cardíacos, para os estados do Sul.
Os estados também vão sugerir ao Ministério da Saúde a elaboração de uma campanha institucional de prevenção das influenzas para veiculação nos estados do Sul. “Este ano só tivemos divulgação espontânea na mídia sobre a vacinação”, enfatizou Caputo Neto. Ele ressaltou que a melhor maneira de prevenir a gripe é reforçar os bons hábitos de higiene, como lavar bem as mãos com frequência e deixar os ambientes arejados.
O grupo ainda propôs a criação de uma Câmara Técnica de Vigilância em Saúde da Região Sul, filiada ao Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde), para discutir problemas e diretrizes comuns à região Sul e sugerir temas de interesse na área à Câmara Técnica Nacional de Vigilância em Saúde.
A partir do encontro de Porto Alegre foi instituída uma agenda de reuniões técnicas trimestrais com pautas pré-definidas.