O governador Beto Richa recebeu nesta sexta-feira (16) uma cópia da nova
Base Hidrográfica Oficial do Paraná. O Estado é o primeiro do país a
dispor de uma base hidrográfica oficial homologada pela Agência Nacional
de Águas (ANA), na escala de 1 para 50 mil.
A nova ferramenta foi inteiramente financiada pela Copel e teve a
participação de doze organismos e instituições da administração pública
estadual e federal, sob coordenação do Instituto das Águas do Paraná
(Aguasparaná). Estão mapeados, identificados, codificados e detalhados
os mais de 976 mil cursos d’água de todos os portes existentes no Estado
– inclusive com a caracterização do relevo, representado por curvas de
nível com resolução de até 20 metros.
Richa destacou a sinergia entre os diferentes órgãos e agradeceu o
trabalho dos técnicos envolvidos no projeto. Disse que esta é mais uma
demonstração de que a Copel caminha para voltar a ser referência
nacional no setor energético, embalada pelo novo momento que vive o
Paraná. “Esse estudo permite que possamos ter um planejamento do uso
responsável da água e um desenvolvimento sustentável no Estado, com
preservação do meio ambiente”, disse Richa.
Para o governador, a ferramenta ajuda a conhecer todo o potencial a ser
explorado com projetos de geração de energia, como em Pequenas Centrais
Hidrelétricas, e para avaliar o abastecimento de água em todas as
regiões, que ele considera fundamental para os empreendimentos que o
Governo do Estado está buscando para gerar riqueza, emprego e renda no
Paraná.
No evento, realizado na sede da Copel, em Curitiba, o governador também
autorizou a renovação de um convênio entre a estatal de energia e o
Instituto das Águas para a operação conjunta e uso compartilhado dos
dados hidrológicos colhidos por uma rede de 83 estações de medição
instaladas no Estado. O acordo terá vigência de quatro anos e prevê o
repasse da Copel de R$ 4,1 milhões para a Aguasparaná nesse período.
PIONEIRISMO - O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, destacou o
pioneirismo doe projeto, que permite conhecer melhor as riquezas
naturais do estado. Ele explicou que a nova base hidrográfica uniformiza
e promove a integração das informações disponíveis em inúmeros mapas já
produzidos sobre os recursos hídricos do Paraná. “Em razão de sua
importância, a Base Hidrográfica Oficial do Paraná estará na internet
para uso e consulta de todos os interessados, ajudando a promover o
crescimento harmonioso e sustentável do Estado”.
A Base Hidrográfica Oficial é integrada por um estudo altimétrico, a
rede hídrica codificada e o detalhamento das microbacias paranaenses,
todos na mesma base cartográfica, em escala de 1 para 50 mil. O
mapeamento é acompanhado de um Sistema de Informações Geográficas com
grande nível de detalhamento, que oferece inúmeras aplicações no
processo de formulação e implantação de políticas públicas para o
crescimento sustentável do Estado.
A elaboração do estudo custou R$ 1,6 milhão e foi realizada durante três
anos por profissionais da Copel, Aguasparaná, Sanepar, Mineropar,
Itaipu, Comec, Emater, Paranacidade, Secretarias da Agricultura e do
Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná, ITCG e Lactec.
O presidente do Instituto das Águas do Paraná, Márcio Nunes, disse que o
novo estudo é fundamental, porque unifica a base cartográfica,
hidrográfica e altimétrica. “Isso possibilita, por exemplo, que
empreendedores que desejem fazer loteamentos possam se a área é passível
de alagamentos ou não, e também para a implantação de novas
indústrias”, afirmou.
Segundo Márcio Nunes, o Paraná é um grande manancial de água no país.
“Hoje apenas 3% de todo o nosso potencial hídrico é utilizado, ainda
temos 97% a ser explorados. Podemos usar todo esse potencial para
geração de riqueza, energia e desenvolvimento, sem esquecer da
preservação desse podentical para as gerações futuras”, afirmou.
MODELO NACIONAL — O superintendente de gestão da informação da Agência
Nacional de Águas, Sérgio Augusto Barbosa, disse que o trabalho
realizado pelo Paraná é um modelo que deve ser seguido pelos demais
estados porque traz um conhecimento do território necessário para o
planejamento de todo tipo de investimento, especificamente na gestão de
recursos hídricos. “O Brasil precisa avançar para ter uma melhor escala
cartográfica e um melhor conhecimento de seu território. Isso resolve
muitos problemas e reduz custos de implantação de projetos”, afirmou.
Também participaram da solenidade o secretário estadual do Meio
Ambiente, Jonel Iurk, o deputados federais Eduardo Sciarra e Rosane
Ferreira, representantes de universidades e dirigentes das entidades
envolvidas no projeto.
APLICAÇÕES — A partir da homologação da Base Hidrográfica Oficial do
Paraná, as diversas áreas da administração pública terão uma nova
ferramenta de apoio em suas ações. Para a Copel, a nova ferramenta será
de extrema utilidade na gestão dos reservatórios de usinas
hidrelétricas.
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) terá mais facilidade para
formular a expansão do sistema de abastecimento, identificando eventuais
novos pontos para captação, e do sistema de coleta e tratamento de
esgoto. As prefeituras de todos os municípios também se beneficiarão das
informações para a formulação dos seus planos de recursos hídricos e de
uso e ocupação do solo.
A Secretaria de Agricultura e do Abastecimento vai se beneficiar com
informações úteis para as ações de água e saneamento rural. Para a
Emater, vão permitir o diagnóstico, planejamento, implantação e
monitoramento das ações em microbacias, como o programa de combate à
erosão do solo.
O Instituto das Águas do Paraná, que responsável pela manutenção e
atualização das informações contidas na Base Hidrográfica e nos produtos
a ela vinculados, terá facilitadas suas tarefas de emissão da outorga
de direito de uso da água, planejamento e implementação das ações do
Plano Estadual de Recursos Hídricos e Planos de Bacias, monitoramento
hidrológico e classificação da qualidade dos corpos d’água.
A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos poderá aproveitar as
informações no planejamento e implementação de ações ambientais
integradas, visando ao uso e preservação dos rios e aquíferos
paranaenses.
Da mesma forma, o Instituto Ambiental do Paraná disporá de novos
elementos para o trabalho de licenciamento ambiental. A Mineropar
aproveitará os dados em estudos geológicos, o serviço autônomo
Paranacidade poderá embasar e orientar os planos diretores municipais e
regionais. Para a Comec será uma ferramenta a mais para o planejamento
regional ambiental da Região Metropolitana de Curitiba. A Itaipu
Binacional usará a ferramenta na continuidade do seu programa Cultivando
Água Boa.
Além das instituições do Estado, a Base Hidrográfica poderá ser
utilizada por toda a comunidade universitária, servindo como pano de
fundo para diversas pesquisas acadêmicas. Ela também servirá como modelo
e referência para a geração de produto similar para todos os demais
estados brasileiros.
A operação integrada da rede hidrológica de interesse mútuo, com
desenvolvimento de trabalhos conjuntos e distribuição de
responsabilidades entre os dois agentes, proporciona redução de custos
de operação, evitando a duplicidade de esforços e contribuindo para a
obtenção de dados precisos e confiáveis para o Sistema de Estadual de
Informações sobre Recursos Hídricos.